Negra Menina
Sinto a suavidade das areias, pegadas densas e cheias, corpos de iaras e sereias, muitos sofrimentos na retina, meus olhos eram farol e cortina, eu ainda era menina, sob a sublime graça dívina
Eu me tornei uma mulher, mas com a alma de menina, meus cabelos soltos ao vento, com cheiro e brilho de crina, sina de negra equina, luz divina que a m'alma ilumina, sob a sublime graça divina
Espraiei minha pele negra naquela areia fina, ainda era uma mulher, mas com alma de menina, cabelos molhados, cacheados, recheados de rimas, de serpentinas, sob a sublime graça divina
Libertei a m'alma, o meu corpo, daquela antiga sina, descobri que sou menina, mulher, pele negra de mulher, ninguém me domina, sou fêmea, chucra, equina de bela crina, sob a sublime graça divina
Humberto de Campos
Mestre Holístico