Não foram poucos os filósofos e ou pensadores ao longo da História que tentaram encontrar a compatibilização entre a Fé e a Razão e, ao que parece, os Pensadores medievais foram aqueles que mais se ocuparam desse problemático tema.

O nosso propósito aqui neste simplório ensaio não é o de fazer pregações, atacar ou defender a Filosofia e  ou Ética cristãs, tampouco exercer julgamentos morais acerca das condutas do ser humano, pois se assim o fizesse, poderíamos facilmente ser acusados de cometer o "pecado capital" da contradição em relação aos  textos de minha autoria que foram escritos anteriomente.

Diferente disso, estamos tentando apenas encontrar um sentido que nos permita pensar originariamente a possibilidade ou não da compatibilização entre a Fé e Razão, da aceitação pela Fé e da compreensão do conhecimento racional, e do fenômeno que é DEUS, conforme buscou a todo custo fazer Santo Tomaz de Aquino, por meio das suas reflexões teológicas.

Segundo narra a História, Tomaz de Aquino foi um homem religioso, cuja Fé foi elaborada a partir da filosofia cristã, era um pensador de sofisticada erudição, típica dos pensadores do período medieval, o que por um lado pode ter sido um facilitador para as suas ideias, mas também por outro lado pode ter sido um dificultador, tendo em vista que a sua demasiada proximidade com o objeto de reflexão pode ter influenciado demais as suas reflexões e conclusões.

No nosso caso, não dispomos de tamanha erudição, senão de um desejo de saber que decorre da minha ignorância persecutória. E ao contrário de enxergar nessa ignorância, nessa limitação, um obstáculo intransponível, vislumbramos que isso pode nos possibilitar um lugar de pensamento diferente de Aquino, e por assim dizer, um certo distanciamento que talvez nos permita encontrar outra possibilidade, noutra visada, numa vereda de pensamento diferente.

Então, reapresento aqui uma pergunta chave, a saber, é possível a compatibilização entre a Fé e a Razão, ou será talvez desnecessária a resolução desse dilema, reconhecendo-se de uma vez por todas que a Fé não se presta a uma análise racional e ou lógica, nem por aqueles que a observa estando dentro, nem por aqueles que a observa estando fora desse "fenômeno"?

Posta a questão chave para a nossa reflexão, cabe agora tecer uma consideração orientadora, isto é, a impossibilidade de "redutibilidade" e de "compatibilização" entre a Fé e Razão, e  assim direcionar a nossa reflexão para o reconhecimento de que o "fenômeno da Fé" não pode ser compreendido pela Razão, tampouco analisado pela linguagem lógica, logo, o dilema da "redução" e da "compatibilização" estaria "por em si mesmo" superado.

A Fé é, por assim dizer, constitui-se em uma experiência para além da percepção psíquica e ou sensorial, visto que para cada indivíduo que passa ´pela experiência do fenômeno da crença no divino, da efetiva percepção do divino ou do sagrado, tal experiência lhe revelará algo completante único, não apenas em decorrência da sua visão de mundo, mas também em face da sua "CONEXÃO ou RECONEXÃO" (RELIGARE) com DEUS, que sabidamente é individual e única, já que é impossivel conceituar, definir ou sistematizar a Fé dos individuos.

A partir da nossa compreensão do que propõe o Holismo Divino, percebe-se que não há contradição alguma entre as partes e o conjunto delas, além disso , o todo é bem maior qualitativamente, do que o conjunto das partes. A Fé é uma experiência fenomenal, exclusivamente, individual, analogamente à conexão de uma partícula com o Cosmo, e por dedução, de um individuo e individuos, criaturas de DEUS, com DEUS, que se constitui no todo holístico, que é infinitamente maior do que o conjunto das suas criaturas, haja vista que DEUS é DEUS, DEUS é ABSOLUTUM!

Não foram poucas as vezes em que lançei questionamentos à DEUS, e a ele perguntei a "razão", a explicação racional para a ocorrência de certas "injustiças" no mundo terreno, já que vi, ao longo da minha vida, tanta gente inocente sendo injustiçada e sacrificada por causa da usura, da ganância, da  perversidade e da irresponsabilidade humana. Não foram poucos os meus sofrimentos com essas "injustiças", muitas vezes no seio da minha própria "família",  na minha própria "carne".

Pois bem, toda essa minha indignação e perplexidade filósoficas, resultou em incrédulidade, e por isso andei distante de DEUS por muito tempo. Mas a grande questão é que a minha, a sua, a nossa "arrogância" é na verdade fruto da nossa ignorância, que não compreendemos que a "visão do todo", dentro de um perspectiva "HOLISTA", é um privilégio, um genuíno atributo do intelecto de DEUS, conforme afirmou Spinoza por meio da sua Ética, e a percepção e conhecimento humano será sempre parcial, não raro pontual.

Portanto, foi preciso além de pensar, ter Fé e confiar em DEUS, pois quando a justiça terrena falhar ele intervirá e fará a "JUSTIÇA" necessária, especialmente quando inocentes estiverem sendo explorados e ou expropriados daquilo que lhe é próprio. Creiam pela Fé e confiem pela Razão, pois DEUS em algum momento da nossa jornada nos mostrará que, de fato, a prática do "mal" ou do  "crime" não compensa, porque a justiça divina não falha, ainda que em alguns casos ela tarde". Obrigado a DEUS por ser real e FIEL!