Sandálias do Tempo
Sandálias do Tempo
Haviam sandálias jogadas ao chão, tal qual pegadas, pisadas, despretensiosas, perdidas nos pés do caminho, nas gargalhadas
Os olhos sofridos da sofreguidão, em vão, chupavam manchas torturadas, impressas na alma dela, da minha donzela...
Embriagado, inebriado, ofuscado, em prata e ouro, eu fui lhe presentear lá em Castela, na entrada da favela...
Era ela, eu sabia que era ela, aquela mulher, que me perseguia pelas ruas de Paris à Castela, a tal Gabriela, de cravo e canela, valei-me São Jorge...
Foi a Fernanda, no breu, que leu, que a minha sorte iria mudar, porque a cigana leu o meu destino, e do amanhã, o que será...
Eu estava ainda em Londres e vi Caetano, sem lenço, sem documento, e ele dizia ao vento, chega... chega de saudade...
Mas ela, aquela mulher... ainda me perseguia, como se fora a filha do Alfred, um tal Hitchcock, o tom Zé...
Eu corria, eu seguia no mundo do Raimundo, no sangrento, e no meu peito em lamento, eu berrava... se no coração não possa, me leve no esquecimento...
Humberto de Campos
Mestre Holístico
Humberto de Campos
Enviado por Humberto de Campos em 20/04/2020